Quadros representando os 4 evangelistas (na ordem: Marcos, Matheus, Lucas e João).
Visto por muitos cristãos como um ritual religioso de denominações mais antigas e tradicionais, o Credo Apostólico ou Credo Romano Antigo é uma peça importante da história da Igreja primitiva, após a ascensão de Cristo aos Céus e a morte dos apóstolos:
“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso
Criador dos Céus e da Terra
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor;
o qual foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria
Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos
Foi crucificado, morto e sepultado
Desceu em Hades
Ressurgiu dos mortos ao terceiro dia
E e está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-Poderoso
De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo
Na Santa Igreja Universal
Na Comunhão dos Santos,
Na remissão do pecados,
Na ressureição da carne,
Na vida eterna.”
Amém
Sendo registrado pela primeira vez em um batismo ocorrido na cidade de Roma durante o segundo século¹, o motivo e valor para a criação deste "resumo" da fé cristã era a heresia do gnosticismo.
O Gnosticismo já havia aparecido no Novo Testamento, sendo Paulo um dos que entrou em contato com esta crença, advertindo a Igreja em Colossos sobre seu perigo². O gnosticismo continuou sua guerra contra a Igreja pelos séculos seguintes e alguns de seus elementos ainda sobrevivem nos dias de hoje. A Igreja⁵, então, criou o Credo como uma arma contra as heresias que assolavam os convertidos, ao fixar a doutrina cristã na mente dos discípulos. A igreja primitiva nos mostra que a ideia do Credo não é algo novo, já que podemos ver algo semelhante na passagem da Primeira Carta a Timóteo³ – “Deus (Jesus) se manifestou em carne...”. Para muitos, isso não parece novidade, mas uma das doutrinas gnósticas que ganhava força na época era a de que Jesus era puramente um ser espiritual e não possuía um corpo físico.
O Credo, assim como os ensinos dos apóstolos, tinha como objetivo reafirmar as crenças já presentes a todo momento em que fosse possível, para que a Igreja tivesse uma ortodoxia, uma doutrina sempre presente e pronta para rebater qualquer ameaça à Palavra que pudesse aparecer.
O Credo mostra que a Igreja formou sua teologia não na quietude de suas casas durante seus estudos ao longo dos anos, mas na linha de frente do trabalho da Igreja. Grande parte da ortodoxia cristã foi criada para combater as heresias que surgiam em determinado tempo e ameaçava alterar ou perverter a natureza da Fé e da Palavra. Ela foi forjada em um período de guerra contra forças que tentavam derrubar a Igreja já em seus primeiros anos de existência, mas que pela graça de Deus e Sua Palavra, não foi derrotada e ainda continua batalhando até os dias de hoje.
Assista um trecho da Série "A História do Cristianismo Como Você Nunca Viu", produzido pelo canal Escola do Discípulo, a respeito do Credo Apostólico:
Referências e Notas:
1. SHELLEY, Bruce. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da Igreja Cristã desde as origens até o Século XXI. 1ª ed. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2020. Pág. 73.
2. BÍBLIA SAGRADA. Carta aos Colossenses 1:19,28; 2:2-3,8,10
3. Primeira Epístola do Apóstolo Paulo a Timóteo 3:16: "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória". (Versão ACF).
4. Escola do Discípulo. A História do Cristianismo Como Você Nunca Viu. Série disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=PLZ4pKq9EIdzxzr5269KlYThKXeEVL6BVf.
5. A não ser que explicitamente colocado, toda vez que for citado "Igreja", nos referimos ao significado original (assembleia, reunião, agrupamento de pessoas); ou seja, Igreja trata-se dos cristãos em unidade, e não à ideia da instituição "Igreja Católica Apostólica Romana".
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