A educação brasileira tem visto períodos de queda de qualidade nos últimos anos, especialmente retratado nos vestibulares e olimpíadas científicas, além das avaliações governamentais e internacionais tais como o IDEB. Os motivos para essa falha educacional são vários: ensino sem qualidade mínima, estruturas com problemas, desmotivação profissional e preguiça (sim, preguiça!) dos estudantes. Por conta disso, temos uma boa parte da população analfabeta funcionalmente e/ou que gasta mais tempo em atividades como assistir futebol ou novelas do que “sofrer a tortura” de ler um livro de 50-100 páginas. Trataremos neste texto a identificação do problema, usando-se de um exemplo (o costume da leitura) e os fatores sobre esse problema.
Peguemos então a questão da leitura no contexto do brasileiro. O drama é produzido por vários fatores. O cidadão não recebeu o incentivo correto na escola e portanto sai da mesma com uma aversão muito grande pela leitura; ele é jogado sobre livros que muitas vezes vão além da capacidade intelectual atual do mesmo e isso acaba comprometendo muito a formação de um possível leitor no futuro. A culpa não pode ser direcionada aos professores ou alunos de maneira cega, como uma verdade universal. Pare e olhe para você mesmo: você tem o hábito de ler? Se não, o que o levou a não criar esse costume ou deixar de tê-lo?
De acordo com os dados da quarta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizado pelo IBOPE e encomendada pelo Instituto Pró-Livro¹, o número de leitores na classe alta brasileira, que ganham de 5 a 10 salários mínimos, é maior do que os das classes mais baixas. Quanto menor a renda, quanto menor suas condições sociais, maior o número de não leitores. A mesma pesquisa aponta uma média de leitura de 4,7 livros (2007-2015), mas o Ministro da Cultura da época, Juca Ferreira, disse que na verdade a média é de 1,7 ao ano. Dado ao desinteresse do brasileiro pela leitura como um meio para enriquecer sua gama de conhecimentos ou como lazer, pela indignação em pagar 30/40 reais em um livro mas não de gastar o mesmo valor em outros produtos fúteis, em como o brasileiro possui conhecimento sobre os mais diversos assuntos dos quais nada se aproveita e é extremamente negligente e desdenhoso com aqueles que justamente são vitais para a sua vida ou que no mínimo acrescentam algo. Levando tudo isso em consideração, a taxa de 1,7 ao ano ainda é muito perto do nível de intelectualidade brasileira. Isso pode soar como um insulto, mas a verdade não se importa com o que achamos.
Como solucionar este e outros problemas da educação brasileira? Há muitos caminhos e possibilidades: reformulação do sistema de ensino, participação mais ativa dos pais e uma promoção da perspectiva da leitura não como algo didático e maçante apenas etc. No entanto, talvez a resposta seja mais básica e simples: seja curioso! No exemplo da leitura que explanamos, a sua vontade, caro leitor, pode vir através dos filmes e séries que assiste, dos acontecimentos presentes ou do passado que lhe interessam e das experiências regionais que você passa. Quem nunca ouviu falar do Conde Drácula, o vampiro que permeia muitos filmes e séries e que ajudou a criar muito da mitologia que envolve essas criaturas? Você, caro leitor, sabia que Drácula foi inspirado em uma pessoa real? Ou quem nunca assistiu Senhor dos Anéis? Muitos já viram os filmes das Crônicas de Nárnia, mas você sabia da grande influência da fé cristã na obra de C.S. Lewis? Ou ainda, quem não observa as discussões entre os ideais da esquerda e da direita ou testemunha as crises da Venezuela, Síria e França? Todos são temas e produções que podem instigar a curiosidade e a consequente ampliação do conhecimento sobre esses determinados trabalhos ou notícias; basta que você deseje se aprofundar! É através da leitura que a transformação da consciência sobre o mundo e da qualificação do lazer trarão frutos à cultura de povo, à criação de obras e ao senso crítico pessoal.
Se você leu até aqui, parabéns! Está no caminho da mudança...
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