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Chi-Ro e Piratini Monarquista

Analfabetismo intelectual


A cultura do povo brasileiro, em sua completude, é muito rica: desde o período colonial até hoje, podemos encontrar contribuições nas mais diversas áreas, seja arquitetura, arte, literatura ou ciências. No entanto, um problema que vem se arrastando ao longo das últimas décadas é a banalização do saber: a ideia de que a arquitetura de Niemeyer é genuinamente representante do Brasil (quando claramente se baseia em princípios modernos internacionais); dizer que as publicação de livros de youtubers (que não têm, em sua maioria, uma bagagem cultural ou moral) tem o mesmo peso que o um livro de Aristóteles; ou universidades declararem em seus vestibulares que Racionais são tão arte quanto Shakespeare ou Beethoven demonstram a completa desconstrução do que definimos como conhecimento no país.

As últimas gerações de brasileiros, especialmente as que nasceram no fim do século XX em diante, têm tido um pensamento consensual sobre a aprendizagem de que quanto mais simples (superficial) uma ideia, quanto menos esforço for necessário para aprender e dominar certo assunto, melhor e mais cômodo de absorver a informação. Por consequência, vemos nas salas de aula vários estudantes preguiçosos, que não valorizam o estudo como verdadeiro modificador e melhorador da sua própria realidade, preferindo o suicídio intelectual “evolutivo” do que a simples tarefa de abrir um dicionário.

Olavo de Carvalho, em seu artigo “Glórias acadêmicas lulianas” (Diário do Comércio, 27 de dezembro de 2011)¹ sintetiza bem essa mediocridade intelectual vigente:

“(...) Que, em contrapartida, faltem livros nas estantes dos bacharéis e doutores, onde abundam garrafas de uísque e fotos de viagens internacionais, é coisa que não ofende nem choca a alma nacional. O estudante universitário brasileiro lê em média de dois livros por ano, e nem por isso deixa de receber seu diplominha e tornar-se, no devido tempo, chefe de departamento, reitor ou ministro."

Em contrapartida, dentro desse contexto, as atividades frívolas, que não tem importância fundamental, acabam se tornando o foco central no cotidiano. Carnaval, sons automotivos (que só tocam o reflexo da decadência moral), roupas ditas "estilosas", mas caras (como vimos nos populares vídeos de outfit) se tornam o motor da vida "plena" e satisfatória do cidadão brasileiro. Quem foge dessa linha acaba sendo tachado de excêntrico, disforme, esquisito, anormal, a curva de uma linha que precisa ser corrigida ou extirpada da sociedade.

"Um amigo meu, nascido e criado no morro da Rocinha, no Rio de Janeiro, confessava: "Sofri mais discriminações na favela, por ler livros, do que aqui na cidade por ser preto."

(Olavo de Carvalho - "Glórias acadêmicas lulianas" - Diário do Comércio, 27/12/2011)¹

Garoto descrevendo valor de roupas e acessórios. O cúmulo da banalidade (Fonte: YouTube)

Garoto descrevendo valor de roupas e acessórios. O cúmulo da banalidade (Fonte: YouTube)

As razões dessa atitude são demasiada variadas para uma única publicação. No entanto, de maneira geral, ocorre uma engenharia social por parte dos últimos governos, com o fim de controlar discretamente a população, o "poder onipresente e invisível" de Antonio Gramsci se concretizando aos poucos. Através de leis e sistemas ditos sociais, o governo cria uma maior dependência e controle do povo, ficando cada vez mais difícil o ideal independente.

Outra razão é a geração desinteressada pelo bem do país, que têm se frustrado com a corrupção estatizada, e criando a falsa ideia de serem cidadãos politizados, cobrando uma conduta politicamente correta de seus progenitores. Aí se manifesta a ideia de um analfabetismo intelectual: o jovem sofre para resolver uma equação ou ler um soneto, mas fica a frente de ideais massificados que enganosamente acredita ser as certas.

Com tudo isso, percebemos a depravante situação atual do Estado, e os crimes intelectuais que gera aos brasileiros. Apesar disso, ainda é de responsabilidade de cada indivíduo sair do seu estado de inércia, para assumir um papel mais ativado na sociedade, tendo em mãos as ferramentas realmente úteis para a reconstrução e solidificação de uma comunidade livre, inteligente e crítica. Afinal, não é uma questão de disposição ou interesse momentâneo; é algo de necessidade urgente.

1. CARVALHO, Olavo. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Rio De Janeiro: Record, 2014. p. 251-253.

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